11 julho 2007

Mai uma e coiso...

Nesta minha, triste, infeliz, completamente impensada e de atrasado mental com os pés pra cova, mudança de ares, acabei por cair em Lisboa, pelas circunstâncias que todos sabeís - sabeís, palavra tipicamente de Beirões... .
Acabei por descobrir um mundo de efeminados, maricas e poucos gajos normais. Não obstante as gajas continuam roliças e afalfáveis, assim coiso e tal, como a malta gosta.
No meio deste antro de podridão, que ambiciona, na sua insignificante, insípada e mal cheirossa maneira, alcançar e superar a nossa gloriosa cidade e Universidade, descobri que entre muitas outras coisas...é de mau tom;
- Dizer palavrões, bons, maus ou assim assim, independentemente da circunstância - por ex. o Glorioso falha um golo e esta cambada de efeminados - "que maus profissionais de desporto, não mercem o elevado ordenado com que são agraciados todos os meses" - enquanto Nós Pensionistas, Mais Maiores Grandes Do Mundo Todo diriamos com vigor e total convicção "Cambada de Paneleiros de Merda, era meter-lhe um corno nessas nalgas, ca filha da puta" acabando com o tradicional "Fodas....".
- Numa qualquer circunstância em que nos vejamos em maus lençois eles dirão - "Oh meu Deus que amarga e vil tristeza esta minha vida". Nós obviamente "Que caralho, fodas, há algum filha da puta a foder-me a vida".
- Ao menos no trânsito todos se elogiam e agraciam mutuamente....o que me faz recordar aquelas noites de copos na cozinha da divina Pensão.
É neste pormenores que se vêem as diferenças...não esqueçendo que se deixarmos escapar alguma palavra mais masculas "caralho, fodas, filha da puta" somos logos avisados para ter cuidado com a língua pois o papão anda por aí a prender pessoas assim. Fodas que Caralho nesta Merda.


A todos os maricas, e censores de palavras digo; palavrões também são palavras
Deixo-vos a mais bela prosa deste século..... por mim repetida varias vezes, nunca sendo demais relembrar;




"O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional àquantidade de "foda-se!" que ela diz.Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me umapessoa melhor.Reorganiza as coisas. Liberta-me."Não quer sair comigo?! - então, foda-se!""Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então,foda-se!"O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.Os palavrões não nasceram por acaso. São recursosextremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabuláriode expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossosmais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sualíngua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar quevingará plenamente um dia."Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor aideia de muita quantidade que "comó caralho"?"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressãomatemática.2A Via Láctea tem estrelas comó caralho!O Sol está quente comó caralho!O universo é antigo comó caralho!Eu gosto do meu clube comó caralho!O gajo é parvo comó caralho!Entendes?No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando amais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já semnenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividadesde maior interesse na tua vida.Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carropara ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.Solta logo um definitivo:"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".O impertinente aprende logo a lição e vai para o CentroComercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema,e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)Há outros palavrões igualmente clássicos.Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seucorrelativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente,sílaba por sílaba.Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", ditoassim, põe-te outra vez nos eixos.Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para sereorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar ummerecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a suamaravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seusquando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha deseu interlocutor e solta:"Chega! Vai levar no olho do cu!"?Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olharfirme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovadoamor-íntimo nos lábios.E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão demaior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E asua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora parauma situação que atingiu o grau máximo imaginável deameaçadora complicação?Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autornum providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algoassim como quando estás a sem documentos do carro, semcarta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti amandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nadafunciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, asaúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, osempresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil eem pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para adesejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”Então:Liberdade,Igualdade,Fraternidadeefoda-se!!!Mas não desespere:Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”Atente no que lhe digo!

Millôr Fernandes